Por Giordanna Neves e Sofia Aguiar
05/12/2022 | 15h50 Atualização: 05/12/2022 | 15h56
Parlamentares da sigla falam em ‘independência’ para combater o Centrão; deputado federal eleito quer que partido faça parte da gestão petista
Uma ala do PSOL, partido que fez parte da coligação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defende que a sigla adote uma postura independente em relação ao novo governo e não ocupe cargos na gestão federal. A direção nacional vai se reunir no próximo dia 17 para definir os rumos da legenda a partir de 2023.
De acordo com o deputado federal reeleito Glauber Braga (PSOL-RJ), pelo indicativo de correntes políticas da sigla que se posicionaram publicamente, já é possível aferir que o partido terá maioria da direção nacional para firmar independência em relação à gestão petista.
No entanto, ainda que existam resistências internas na sigla, a ala pró-Lula tem maioria para formalizar o alinhamento e negocia espaços no primeiro escalão. Como mostrou o Estadão, Lula não terá oposição à esquerda pela 1ª vez no Congresso.
Ao Estadão/Broadcast, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que a sigla vai ajudar o presidente eleito a “reconstruir” o País e garantiu que o deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP) “estará na linha de frente”.
“O PSOL vai ajudar Lula a reconstruir o Brasil e Boulos estará na linha de frente”, disse Juliano à reportagem, que preferiu não dar mais declarações para não alimentar especulações sobre o tema. Boulos é cotado para assumir o Ministério das Cidades.
Em nota à imprensa, Boulos seguiu na linha de Medeiros. “Defendo que o partido participe do novo governo, sem perder sua autonomia, para ajudar a superar o pesadelo bolsonarista, além de contribuir para puxar a agenda do país para a esquerda. Quem vai fazer oposição ao Lula é o bolsonarismo, e não estaremos ao lado deles”, declarou Boulos.
Para Braga, no entanto, a posição independente, sem ocupação de cargos no Executivo, é mais benéfica ao governo para que a sigla possa fazer enfrentamento às “chantagens do Centrão”. “Quando você ocupa cargos como base, você fala para dentro e perde sua capacidade inclusive de fazer esse enfrentamento com eles para fora”, afirma.
A partir da posição independente, de acordo com o deputado, a legenda pode manter suas bandeiras levantadas e dar “tratamento eficaz” por meio de “denúncias permanentes à extrema-direita, à direita neoliberal e aos partidos que deram sustentação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL)”.
Braga nega que a não ocupação de cargos no Executivo possa enfraquecer a legenda. “Para se fortalecer, o partido tem que manter suas bandeiras levantadas, tem que manter a relação permanente com movimentos sociais. Quem está preocupado em ter cargos é o Centrão”, afirmou.
Aliados já durante a campanha
Desde o primeiro turno da eleição presidencial, Boulos fez campanha a favor de Lula, após o PSOL não lançar um candidato ao Palácio do Planalto. Com o petista eleito, o deputado federal eleito foi anunciado como integrante do grupo de Cidades do governo de transição. Questionado sobre a possibilidade de saída de filiados do partido caso a legenda opte pela independência em relação ao governo, Medeiros negou, citando Boulos. “Não existe essa hipótese de saída de pessoas do partido”, disse.
O PSOL formalizou federação com o partido Rede e as siglas devem caminhar juntas nos próximos quatro anos. Apesar da junção, o PSOL tem liberdade para aderir, mesmo que isolado, à posição de independência. A federação elegeu 14 deputados para a próxima legislatura, sendo 12 filiados ao PSOL.
Publicada por: Leandro Borges Ruffo
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